Merche Romero posou para a edição de Novembro da revista ACTIVA entre os aviões da base aérea de Sintra. E contou-nos tudo sobre a sua vida, os seus amores e os seus projectos. Aqui fica a entrevista completa com Merche Romero.
Gosta de viajar?
Adoro, tenho alma de viajante. Nunca desfaço uma mala. Conhecer outras culturas é ficarmos mais ricos como seres humanos, se nunca saímos do mesmo sítio ficamos pequeninos e tacanhos. Viajar ensinou-me a lidar com todo o tipo de pessoas, e a perceber que há povos muito mais pobres mas muito mais felizes.
Quando é que se sente mais espanhola?
Quando estou em Espanha. Vou a Barcelona sempre que posso. Tenho lá a minha família toda, só tenho cá a minha mãe e os meus irmãos. Sou aventureira e nunca sei o que é que pode acontecer, mas a minha vida foi construída cá, vivo cá desde os 7. Todos temos as nossas raízes, mas não me considero espanhola nem portuguesa, vejo-me como uma cidadã do mundo.
Como foi a sua infância?
Passei a minha adolescência perto do Ribatejo, na vila da Marmeleira. Era um meio pequeno, toda a gente se conhecia, e todas as pessoas eram próximas.. Andava de bicicleta, fazia a vindima, e tudo isso me fez lidar com as pessoas de outra maneira.
É muito ligada aos seus irmãos...
Muito! Somos cinco irmãos mas fui criada com dois, o Óscar e o Santiago. Ainda hoje moro na mesma rua do Oscar. Ele foi para Espanha quando eu tinha 15, e foi como se me tirassem um bocado. Ficámos separados 4 anos, e quando ele voltou ainda ficámos mais ligados. Tomávamos conta uns dos outros, nunca fomos irmãos de discussões nem de puxar cabelos.
Em que ligua fala com eles?
Em castelhano.
Já teve algum namorado do qual os seus irmãos não gostassem?
Sim, já tive namorados dos quais os meus irmãos não gostavam, e curiosamente tinham sempre razão. O Oscar nunca se engana. Ai dos meus namorados não gostem dos meus irmãos. As pessoas que gostam de mim têm de gostar dos meus, e quando isso não acontece é porque há alguma coisa que não está bem. Agora com o meu namorado, temos uma relação muito coesa, é como se ele fosse da minha família.
Quem a quiser conquistar, o que é que deve fazer?
Sou uma pessoa fácil de conquistar, e esse é que é o problema, porque também me magoo facilmente. Mas quem me quiser conquistar tem de ser acima de tudo verdadeiro e alegre. Uma boa gargalhada conquista-me sempre.
Começou por ser hospedeira, certo?
Fiz o curso de turismo, e quando acabei o curso, quis começar logo a trabalhar para ajudar em casa. Fomos criados pela minha mãe e desde cedo percebemos que nos tinhamos de fazer à vida rápido. Mas tive sorte porque nunca me faltou trabalho. Quando mandei o curriculum para a Portugália aos 19 anos, chamaram-me. Fui hospedeira durante 5 anos, o início da minha independência. Eu não trabalhava como os jovens de hoje, para curtir e gastar na noite. Ganhava para ser independente.
O que é que ser hospedeira lhe ensinou?
Imensa coisa: a dar-me com todo o tipo de pessoas e a viajar bastante, o que me agradava. Entrar num avião nunca me assustou. Saí porque já não conseguia conciliar com os trabalhos de moda que também fazia na altura, e porque queria fazer outras coisas.
Como é que a televisão aparece na sua vida?
Completamente por acaso. Eu era relações públicas no Mau-Mau, uma discoteca no Porto, e conheço um realizador da RTPN, que me convida a ir a um programa sobre viagens falar sobre Ibiza. Fui e senti imenso à-vontade a falar. Passado um mês convidaram-me para fazer um programa na RTPN. Resolvi experimentar. Um dia, toca-me o telefone da RTP. Alguém tinha sugerido o meu nome para um projecto novo, o ‘Portugal no Coração'. Fiquei tão enervada que deixei cair o telefone. E assim começámos o programa. Foi tudo muito rápido.
Já lhe aconteceu algum ‘desastre' em directo?
Gosto de directos, nunca me senti sem rede. Mas já parti um salto em directo. No estúdio toda a gente percebeu e desatou à gargalhada, mas eu não me desmanchei. Para começar porque era patrocinada por uma marca, e não convinha sair do sério. E depois porque, como eu costumo dizer, ‘uma mulher nunca sai do salto'.
Vai-se dedicar agora à representação...
É outro desafio, outra experiência nova. Tem a mesma exposição de televisão mas tem algo que me atrai que é a transformação, o poder de encarnar personagens diferentes.
Qual é a pior parte de se ser figura pública?
Não poder sair de casa despenteada (risos). As pessoas olham muito para nós, e sentimo-nos permamentemente observados. Mas já me aconteceu, por outro lado, sentir-me em baixo, sair à rua e voltar a sentir-me muito melhor. Porque as pessoas dizem-me coisas incrivelmente simpáticas, têm sempre uma palavra carinhosa. Então no supermercado, fartam-se de falar comigo (risos). Há muitas crianças que me vêm dizer que me adoram. Nem elas sabem o quanto isso é importante para mim.
Homens espanhóis ou portugueses?
Acho que o homem espanhol se torna charmoso depois dos 40. A partir dos 40, os homens ficam muito mais atraentes: ganham aquelas brancas, descem um tom de voz, ficam irresistíveis. Mas os portugueses já se cuidam muito melhor, homens e mulheres. O pior é quando se casam. Já reparou como é raro encontrar um casal em que ambos tenham bom aspecto? Geralmente casam-se e desleixam-se, eles e elas. È incrível, parece que acham que, como a conquista está feita, já não é preciso fazer mais esforço! E depois, vejo imensas pessoas que se separam e voltam a ficar mais giras! Começam a ir ao ginásio, arranjam-se, perdem 10 quilos. Mas quando estão juntos, não o fazem! Acho isto uma falta de respeito em relação ao outro.
Pede opinião ao seu namorado sobre o que veste?
Peço. Não saio de casa sem perguntar ao meu namorado: estou bonita? Como sempre tive irmãos homens a dar-me opinião, estou habituada a ouvir críticas. Mas também me elogiam imenso, confesso! Mas claro que há homens de bom gosto e homens que não ligam nenhuma. O meu namorado é exigente, liga imenso aos pormenores. Gosto de um homem que se cuide e se vista bem. Também não gosto daqueles que não têm um fio de cabelo fora do lugar, mas gosto de homens que se arranjem.
É uma romântica?
Sou, e tenho imensa pena que o romantismo se esteja a perder entre os mais novos. Agora é tudo muito rápido, e eu acho que faz falta aquela fase da conquista, a troca de olhares, o arrastar a asa. Se saltamos isso, perdemos a melhor fase de uma história de amor.
Como é que mantém a forma?
Faço muito exercício. Faço cardio, RPM, pump. Agora no Brasil aventurei-me a fazer surfe. Estou cheia de nódoas negras. Como fiz desporto desde criança - a minha mãe foi nadadora e passou-nos isso desde pequenos, praticamente crescemos dentro de uma piscina - sempre fui muito ‘rija', e não tenho assim muito cuidado com o que como. Adoro paella e cozido à portuguesa. Sou horrivelmente gulosa, embora já tenha sido mais. Não deixo de comer um bom chocolate.
Conte-nos a história das suas tatuagens...
Tenho imensas. A primeira fiz com 18 anos, representa uma estrela do mar, depois acrescentei uma carpa, que segundo a mitologia japonesa nada contra a corrente e se transforma em dragão. A minha mãe não achou graça nenhuma quando fiz a primeira, mas depois habituou-se, e até a convenci a fazer uma tatuagem ela própria: fez três estrelas no pá, representando-me a mim e os meus irmãos.
É a irmã do meio?
Sim. A minha mãe ainda teve três gémeas entre mim e o Óscar. Nasceram de 6 meses, viveram 4 horas e morreram. Acho que foi também a pensar nelas que escolhemos o desenho das três estrelas.
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